terça-feira, 9 de dezembro de 2008

AS MAZELAS DA INCOMPREENSÃO

Autora:ELIMAR CRISTINA A. LIMA TOLENTINO
Educadora , Assessora Educacional
E Mãe De Pré-Adolescente

Não somos pais preparados para a função de pais, apenas 5% da população que tem filhos realmente se prepara para tê-los, os 95% restantes encaram a situação com alegria e com a coragem do “ vamos ver no que vai dar”, tornam-se adeptos da educação por tentativas de erros e acertos.
Vamos esclarecer que aprendizagem por tentativas de erros e acertos é uma ferramenta de sucesso na educação regular (escola), mas não funciona quando se trata de filhos, não podemos trabalhar caráter, amor, valores, através de tentativas, somos pais e nossa experiência anterior nos dá respaldo para indicar o que é certo.
‘O ser pai’ nos presenteia com um conjunto de responsabilidades indiscutíveis e para as quais não tínhamos preparo ainda, mas só vamos nos dar conta disso quando nossos rebentos começam a ter opinião e vontade próprias, e é justamente neste momento que somos confrontados com nossa capacidade de compreensão.
Até os 8 anos de idade somos os “mandachuvas” da casa, nossos filhos podem até questionar, mas o peso da nossa palavra e nossa autoridade são facilmente absorvidos e nos sentimos seguros, fortes e começamos ter certeza que será sempre assim. Leve engano!
E é justamente ai que entra nossa falta de preparo para exercer a paternidade, pois nos esquecemos que uma criança cresce, se desenvolve, passa pela pré-adolescencia, adolescência e juventude, mas na nossa cabeça de pais despreparados cremos que sempre serão nossas criancinhas inocentes e indefesas.
Quando os confrontos começam, demonstramos nossa inabilidade com uma completa falta de compreensão, porque simplesmente colocamos nossa individualidade à frente da coletividade que a relação familiar exige. Subimos nos saltos do autoritarismo, muitas vezes praticamos um julgamento injusto e sentenciamos o réu a uma pena não física, pois preferimos massacrar com palavras a bater, mas profundamente dolorosa, causadora de magoas e revoltas, pois as palavras de um pai ou mãe machucam mais do que palmadas e isso tudo porque o “ nosso querer ( de pais) não foi respeitado, e sem diálogo determinamos que o conflito fosse resolvido a nosso favor”, em apenas um segundo jogamos fora os bons ensinamentos que havíamos construído com nossos filhos sobre resolver as dificuldades com diálogo e compreensão, afinal de contas a palavra convence o exemplo arrasta.
As feridas abertas pela falta de compreensão em um momento de confronto, nesta fase do desenvolvimento, podem gerar doenças na alma que dificultarão a socialização e a integração deste jovem em qualquer lugar, inclusive em sua própria casa, porque os pais não serão mais vistos como os amigos de todas as horas, pois a insegurança de ser julgado e incompreendido o perseguirão inconscientemente. Barreiras de comunicação serão construídas e não se assuste se o vizinho te contar uma novidade sobre seu filho.
Em momento algum podemos nos esquecer que o adulto neste relacionamento somos nós os pais, portanto é da nossa parte que vem o equilíbrio, a ponderação, as bases para um diálogo tranqüilo e esclarecedor.
Mas nos esquecemos disso e ficamos indignados quando vemos um filho descontrolado, levantando a voz e imediatamente reagimos com nossa força nada sensível, “vá dormir, você esta de castigo”, sendo que esta fase da vida precisa ser modelada, e quem modela somos nós os pais; deixar um filho sozinho depois de um confronto, é abrir espaço para sentimentos de raiva, no silencio o filho vai pensar as piores coisas que imaginamos, por isso precisamos estar presentes ponderando,mostrando uma solução melhor, ou até mesmo questionando qual a verdadeira intenção do filho e se possível apresentar as conseqüências, e ai sim deixá-lo sozinho com pensamentos saudáveis e a certeza do seu cuidado; este tipo de comportamento é muito positivo pois ,primeiro eles não se sentirão sozinhos, segundo nós estaremos mostrando que as situações podem ser discutidas de forma tranqüila, terceiro estaremos construindo uma relação concreta e duradoura.

Vamos conhecer um pouquinho destas fases criticas na vida dos nossos filhos:

A PRÉ-ADOLESCÊNCIA –
É repleta de descobertas, conflitos, transformações. E muitas das mudanças ocorridas nos filhos, os pais não compreendem e questionam as crianças por isso, causando discussões e problemas dispensáveis.
O problema mais comum que os pré-adolescentes costumam encontrar nesse período é a dificuldade de relacionamento com seus pais que,ora os vêem como crianças irresponsáveis, ora cobram deles atitudes e responsabilidades de adultos. Pais que muitas vezes não exigiam/cobravam atitudes responsáveis e o cumprimento de obrigações, passam a fazê-lo nesta fase, dizendo "você já está grande", o que pode causar revolta nos adolescentes, até pelo fato deles não terem aprendido a serem responsáveis ao longo de sua existência.


A ADOLESCÊNCIA
É o período no qual uma criança se transforma em adulto. Não se trata apenas de uma mudança na altura e no peso, nas capacidades mentais e na força física, mas, também, de uma grande mudança na forma de ser, de uma evolução da personalidade.
É uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas. É nela que a pessoa descobre a sua identidade e define a sua personalidade. Nesse processo, manifesta-se uma crise, na qual se reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura.
A adolescência é uma época de imaturidade em busca de maturidade. No adolescente, nada é estável nem definitivo, porque se encontra numa época de transição. E precisamos compreender que esta mudança toda gera muita angustia interior, afinal de contas não se é criança nem adulto.



Nós pais devemos lembrar que é uma fase passageira, portanto, é importante ter paciência, estar aberto a questionamentos e, por que não, aprender com eles, pois a vida é um eterno aprendizado e ouvir os filhos pode ser um caminho para questionar os próprios valores, melhorar a qualidade de vida e o relacionamento familiar .
Devemos retomar o significado básico da compreensão.
Compreender é ser sensível ao outro.
E isto é tudo que nossos filhos precisam para chegar a adultos bem resolvidos.

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