terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A FAMÍLIA COMO A PRIMEIRA ESCOLA

Autora: Elimar Cristina Almeida de Lima Tolentino

As mudanças são constantes e inevitáveis.
Mas existem algumas obrigações que não podem mudar, entre elas podemos citar uma extremamente importante e fundamental para o equilíbrio da sociedade atual: A FAMÍLIA COMO A PRIMEIRA ESCOLA.
A família é o primeiro ambiente de aprendizagem por onde o ser humano passa, onde serão construídos valores que o seguirão por toda sua vida, é no ambiente familiar que será moldado o caráter do futuro cidadão, “nem quando envelhecer se desviará dele”.
É no seio da família que o ser humano agrega conhecimentos que o levarão a respeitar o próximo, a consumir por necessidade e não por futilidade, a perceber a verdade como bem maior, a ser responsável por seus atos, a questionar com sensibilidade, a responder com sabedoria, a ouvir antes de falar, a planejar antes de agir, a cultivar bons hábitos alimentares, a ter uma higiene pessoal adequada, a utilizar o banheiro sem esquecer que os outros o utilizarão também, a não falar mal dos outros, ver o lado bom das situações, a cooperar, a valorizar, a reconhecer os próprios erros, a lutar pelo seus direitos...
Este conjunto de práticas é adquirido no convívio com os pais, que desempenham o papel de educadores, de formadores, daqueles que possibilitarão a criança um desenvolvimento harmônico da capacidade física, moral e intelectual.
Isto é indiscutível!!!
Mas a família tem passado por mudanças; surgiram os agregados familiares, as mães precisaram entrar no mercado de trabalho, criaram-se os sub-empregos, o tempo com os filhos hoje é qualitativo e não quantitativo, temos Internet, tv a cabo, até ai a análise das mudanças é normal, mas inspirativa de cuidados, agora a mais trágica mudança relaciona-se a uma inversão de valores é a transferência de responsabilidade.
Por vezes nos questionamos e não conseguimos compreender porquê as crianças de hoje estão tão diferentes, e por que não assumir que estamos vendo crianças mal-educadas, incapazes de desenvolver-se adequadamente, pulando suas faixas etárias, querendo ser o que não são, passivos e inertes para certas coisas, exigentes para outras, imaturos e prepotentes em suas decisões, manipuladores, interesseiros, grosseiros, preconceituosos e descrentes.
A resposta para nossas questões é simples: a família tem procurado transferir para a escola regular uma FUNÇÃO INTRANSFERIVEL.
A escola certamente é um ambiente de aprendizagem, mas a criança precisa chegar à escola com um pré-requisito mínimo chamado de CIDADANIA FAMILIAR.
É na cidadania familiar que a família determina funções, papéis e a hierarquia entre seus membros, é também um espaço social de confrontação de gerações e onde os dois sexos (masculino e feminino) definem suas diferenças e as relações de AUTORIDADE. A família tem o dever de educar os filhos para o convívio social.
Diante desta verdade, discorro minha preocupação com as famílias que matriculam seus filhos na escola, achando que todos os seus problemas serão resolvidos pela “fada ou bruxa” da professora.
Ao longo de 20 anos de trabalho na Educação, foram incontáveis as vezes que ouvi o apelo de pais pedindo que o docente fizesse alguma coisa para o filho escovar os dentes, não responder para os avós, comer fígado, guardar os brinquedos, e por ai vão os mais absurdos pedidos, que poderiam ser resolvidos com uma simples organização do poder “de manda” dentro de casa, mas é mais fácil pedir para outro resolver um problema que é meu.
O perigo disto é assustador, pois quando peço para alguém de fora resolver um problema interno familiar, estou passando para meus filhos a seguinte mensagem: eu não dou conta do recado. Estou transferindo a minha autoridade para uma terceira pessoa que não conhece os hábitos e os valores da minha família.
Daí o resultado que vemos nas crianças e adolescentes da nossa sociedade!
Educar não é fácil, mas é preciso.
Antes de educar nossos filhos, precisamos educar a nós mesmos, pois só podemos dar aquilo que realmente possuímos.
Como pais, não podemos abrir mão do mais sublime papel que nos foi confiado, mesmo que com lágrimas é necessário semear com paciência e muita sabedoria um caráter firme e profundo em nossos filhos.
Cada família que reassumir seu papel como primeira escola, estará contribuindo para uma sociedade mais equilibrada, com jovens educados, verdadeiros em suas atitudes, inteligentes emocionalmente, honestos em seu proceder e com um coração fértil para a obediência.