domingo, 16 de novembro de 2008

AULA & EPISTEMOLOGIA DO PROFESSOR

Autora: Elimar Cristina Almeida de Lima Tolentino



Ao aprofundarmos a idéia sobre o professor competente em sua ação de ensinar, precisamos levar em conta sua forma de pensar a educação, sua história como aluno e sua formação para o magistério, para então compreendermos como foi concebida a epistemologia deste professor, ou seja, sua concepção do processo de produção do conhecimento e sua legitimação social.
Sabendo “que aula é o reflexo da epistemologia do professor” (Moretto,2007), podemos afirmar que a forma como este entende como se dá o conhecimento, determinará seu processo de ensino, partindo desde principio podemos analisar duas correntes epistemológicas que têm estado presente nas escolas atuais:
· Epistemologia tradicional(Moretto,2007):tem sua inspiração nas correntes filosóficas do Empirismo (conhecimento devido a experiência) e do Positivismo(base nos dados da observação e da experiência) e encontra apoio na psicologia comportamentalista. Nesta concepção o conhecimento é uma descrição do mundo, que chega ao aluno através do professor,que é o transmissor de verdades de natureza ontológica (ser enquanto ser,independente do modo como se manifesta) representando possibilidades únicas de interpretação , que serão recebidas pelos alunos e num processo de repetição (aparece aqui o behaviorismo) serão posteriormente reproduzidas.
· Epistemologia construtivista sociointeracionista: é uma contraposição a epistemologia tradicional, pois o conhecimento é construído pelo sujeito através de suas experiências de interação com o mundo físico e social, o “aluno deixa de ser um receptor-repetidor de informações para ser um elaborador de representações”(Moretto,2007), com significados e contextos.

A aula do professor de epistemologia construtivista, oportuniza ao aluno, a elaboração (o fazer), e é avaliada como bem sucedida quando as relações e representações são estabelecidas pelo aluno, e as verdades ontológicas e as convenções sociais de única interpretação são rompidas.Com relação as convenções sociais, vale ressaltar a importância que a linguagem tem sobre este aspecto, pois a transmissão de conceitos pela reprodução, inibe o pensamento construtivo, o que leva à satisfação com respostas prontas e descontextualizadas, gerando uma falsa idéia de sucesso “quando o aluno obtém nota na prova repetindo uma informação” (Moretto,2007).

A construção do conhecimento esta ligada ao fazer, ao produzir sentido, um sentido contextualizado, valorizando o aluno como sujeito ativo, interativo, articulista, elaborador, ser individual e ser coletivo, percebido nas palavras de Paulo Freire (in Cortella2006) “fazemos, logo pensamos; assim existimos”.
A educação é uma atividade * histórica, prática * dos sujeitos sociais ( Severino,2002) , portando o professor precisa comprometer-se com o trabalho de produção dos alunos; por vezes observamos nas salas de aula da REME as funções invertidas, onde o professor faz tudo, e o aluno é um mero ouvinte, quando na verdade ele (o aluno) é “a principal força de trabalho na escola, uma força voltada primordialmente para a aprendizagem” ( Lamp in Neiva 2006), daí a necessidade do professor buscar as melhores práticas pedagógicas, privilegiando a aprendizagem cooperativa , construtiva, criativa, sendo um organizador e estimulador do processo educativo.
* Grifo nosso



REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORTELLA, Mário Sergio. A escola e o conhecimento – fundamentos epistemológicos e políticos. São Paulo, Cortez: Instituto Paulo Freire, 2006.

MORETTO,Vasco Pedro. Prova um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas.Rio de Janeiro. Lamparina, 2007.Capitulo 3.

NEIVA, Evando. Lições Aprendidas. Belo Horizonte: Editora Universidade, 2006.


SEVERINO, A.J. A importância do ler e do escrever no Ensino Superior. In______ Metodologia do Trabalho Cientifico.22 ed. (ver. ampl) São Paulo: Cortez, 2002.